
A sociedade de consumo é talvez a ilusão mais sofisticada que a história produziu.
Ao vermo-nos cercados de objetos no mercado ao nosso alcance, praticamente sempre envoltos na auréola publicitária do bem-estar e da felicidade e após anos de disciplina escolar que nos preparou para consumidores, passámos a acreditar que é preciso possuir, possuir, para que nos sintamos realizados.
A inquietação interior resultante da busca do mais e do mais, seja material ou espiritual, criou em nós o impulso de aquisição. O desejo é (ou tornou-se) a constante mais primordial nas nossas vidas. Claro que o desejo é apaziguado no momento em que possuímos o que desejamos. Possivelmente que essa paz não advém diretamente da realização prometida pelo objeto que adquirimos, seja ele material ou espiritual, mas mais da momentânea ausência de desejo.
E sabemos por experiência própria que os nossos brinquedos são em geral de pouca dura. Mais tarde ou mais cedo desperta um desejo ainda mais forte e lá está pronta para nós, novamente de braços abertos, a sociedade de consumo com o produto adequado envolto numa auréola de promessa de realização.
E assim sucessivamente…