Do que mais precisamos?

Do que é que cada um de nós individualmente mais precisa? Do que precisa o mundo? Qual é o pedido mais enraizado de cada ser humano e que, por tão forte e socialmente contrariado, é muitas vezes ignorado?
O nosso mais profundo desejo escondido é talvez ser visto, ser escutado, ser compreendido. E tal como o somos. Sem exigências. Sem o uso de pressupostos relativos ao que é ser corret0 e socialmente OK.
Como distinguir então o que fazemos, o que fomos obrigados a fazer pela força das circunstâncias e pelos meios que tínhamos e temos disponíveis… como distinguir o que nos ensinaram no processo de socialização daquilo que sentimos no fundo de nós como sendo nós mesmos desde o primeiro momento?

Quem nos aceitou ou aceita como tendo direito a este “Lugar” pelo único facto de que existimos? E o que fazemos e do que somos socialmente obrigados a fazer para termos direito àquilo que nos pertence desde nascença? E quantos de nós são obrigados a vender a “Alma” para sobreviver e ter direito a existir?
Considere a comunidade global e os esquemas a que estamos todos submetidos e que, na maioria das vezes, nos obrigam a ser de tudo menos nós mesmos.

Essencial para a manutenção e transformação do mundo é a Comunicação, o objeto de estudo e aplicação da PNL. Considerado como um dos pilares de absoluta importância na comunicação temos em Programação NeuroLinguística o chamado “Rapport”: entrar em sintonia com o outro, ir ao encontro do seu modelo do mundo, ver pelos seus olhos, ouvir com os seus ouvidos, sentir como ele sente, compreender os seus motivos. Isto é feito essencialmente através da chamada modelagem ou 2ª posição percetiva – meter-se na pele do outro, dissociar-se de si e associar-se no outro. Estou convicto de que é esta capacidade que nos pode “salvar” e pode “salvar” a comunidade mundial. Simplesmente o conceito e a prática do “Rapport” em PNL, envolta ou não em conceitos de respeito e ecologia, tem sido muitas vezes um instrumento poderoso para aumentar a distância entre nós e o outro e contribuir para a repetição dos padrões de domínio e submissão. E não é por acaso que a PNL é muitas vezes acusada de manipulação. O fim do “Rapport” é influenciar e “conduzir” o outro para o nosso objetivo. Podem dar-lhe as voltas que quiserem, bem motivados ou não, mas é este o objetivo do “Rapport”.

Certamente que para nos comunicarmos melhor, não o poderemos fazer sem o uso do “Rapport”. Mas se queremos vivenciar o nosso Ser como Ser que é, se queremos escutar o Outro como ele é na sua essência, se queremos vivenciar a nossa Humanidade, ouvir e ser ouvido, fiquemo-nos pela sincronização, pela sintonia, pela “Empatia”, sem termos um objetivo escondido atrás da manga. Talvez seja essa a única forma, talvez, de contribuirmos para um mundo em que haja respeito pela dignidade humana e se caminhe finalmente para uma comunidade mundial justa em que finalmente é posto fim à manipulação e exploração do homem pelo homem.

José Figueira