O Despertar da Consciência

Era uma vez um senhor muito rico que tinha a habilidade de transformar as pessoas de modo que se tornassem seus súbditos. As pessoas passaram a sacrificar as suas próprias vidas para poderem usufruir das migalhas que caíam da mesa do senhor e, com as migalhas, passaram a pensar os pensamentos do senhor.

Com o tempo a resistência aumentou, mas o senhor rico não se importou. Tinha a inteligência suficiente para criar uma variedade cada vez maior de migalhas imprescindíveis à sobrevivência de modo a tornar-se ainda mais imprescindível.

Tudo parecia correr de vento em poupa para o senhor até que um dia as pessoas não se contentavam com as migalhas e queriam simplesmente a fatia. E o senhor deu-lhes a fatia que queriam.

Foi um momento de grande júbilo. As pessoas pensavam em absoluto os pensamentos do senhor. Havia mais riqueza e isso durou por muito tempo. O senhor continuou por longos anos a consumir para si mesmo a maior parte do bolo até que essa coisa do progresso deu aos súbditos não só o privilégio do acesso à informação como se podiam comunicar entre eles por todo o mundo. Com o decorrer dos anos e depois de muita confusão os súbditos acederam à consciência (aware) e à autoconsciência (aware of being aware).

Chegou o dia em que o senhor desesperado ofereceu aos súbditos um presente ainda mais mágico e de extrema beleza, mas os súbditos recusaram. O senhor insistiu abrindo as mãos redobrando a oferta feita de sonhos de felicidade, mas os súbditos recusaram.

Não é fácil prever a história que terá lugar dentro de um século ou mais, nem temos a mínima ideia de como será a nova ordem mundial. Só sabemos que as manchetes dos jornais acabarão por anunciar uma mudança definitiva de paradigma.

– Realizou-se o sonho. Ponto final na história da dependência. Biliões na terra, responsáveis, conscientes, construindo a vida, permitem finalmente que a liberdade ressoe em cada aldeia, em cada cidade, em cada estado, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, todos dão as mãos e, finalmente, entoam em coro a partir do cimo da montanha:

– Não aceitamos mais subornos!

 

J. F