
EDITORIAL:
Deixarmo-nos ir embalados num transe, à sombra, deitados na relva ou na espreguiçadeira, respirando o ar morno num dia de verão em que o sol nem queima tanto como é normal. Olhando algumas nuvens desapressadas, preguiçosas, vindas do norte rumo a um lugar onde finalmente se desfarão para criar um espaço limpo, azul, imenso… pelo menos é assim que as imagino ao mesmo tempo em que na minha mente se faz cada vez mais silêncio, o peito parece ser invadido por uma quietude enorme e todo o meu corpo parece mergulhar em algo a que chamaria de espaçosidade. Já experimentou certamente esta sensação?
Neste número vamos falar de hipnose e transe.
Falar de hipnose em PNL é falar de Milton Erickson. E quem entrevistar? Quem melhor que Stephen Gilligan para falar de Erickson? Ele que viveu de perto com o seu mestre, na sua própria casa em Phoenix, no Arizona, fez parte dos grupos de trabalho que estiveram na origem da criação da PNL e foi o primeiro a modelar Milton Erickson usando técnicas de transe profundo de identificação. Foi um dos grandes divulgadores e trainers da hipnoterapia de Milton Erickson no mundo.
Falar nos dias de hoje sobre a evolução da hipnose é falar novamente da contribuição de Stephen Gilligan. Esta evolução levou-o a não utilizar mais a palavra hipnose. Podemos ler sobre o seu trabalho à volta das relações do Self e a sua última contribuição no campo do transe no meu artigo Transe Generativo.
Encontramos também neste número um script muito famoso de auto-hipnose que tem a sua origem em Betty Erickson, a esposa de Milton Erickson.
Não é fácil ter uma ideia clara do que é um curso de PNL antes de se ter realmente tomado parte num treino. Podemos ler o programa, estudar quais os objetivos pretendidos, mas falta sempre qualquer coisa. Certamente que nenhum texto será suficiente, assim como nenhum livro, por mais perfeito, pode dar uma compreensão exata do que se trata realmente. Não são simplesmente técnicas nem é unicamente uma metodologia. É mais do que isso. É uma vivência e um processo de descoberta e crescimento. Oferecemos neste número o diário de um curso completo de Practitioner esperançados que possamos transmitir mais do que simplesmente um conteúdo programático.
Mais um artigo sobre desporto. Desta vez da Maria Manuel, trainer de PNL e coach no desporto. Ainda que se não fale explicitamente de transe, encontramos elementos característicos de transe que podem contribuir positivamente no aumento da performance.
Para finalizar, um artigo profundamente humano e de uma grande sensibilidades do nosso colaborador Massimo Forte sobre gratidão. Ele sugere-nos um diário da gratidão para as coisas boas e para reenquadrar as difíceis pois há sempre um lado positivo. Tanto em Coaching Generativo como em Transe Generativo como em PNL em geral, há uma tradução específica para este conceito de gratidão que assenta em duas características: A primeira é a “aceitação ativa” que é precisamente o contrário de lutar com as coisas como elas se nos apresentam, luta essa que pode ter como consequência situações de Crash e transformam qualquer obstáculo num obstáculo ainda maior. A segunda, e daí esta aceitação ser ativa, é a tomada de consciência da mensagem positiva de qualquer obstáculo a lembrarmo-nos que há algo que foi descuidado e que concretamente precisa ser realizado e integrado na nossa vida.
Só me resta desejar-vos agradáveis e sábios momentos de leitura, umas férias de sonho e muitas ocasiões de transe feliz e criativo!
José Figueira